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(15/07/2007)

Seminário nacional da Enecos não será mais em julho

O Seminário nacional da Enecos (que iria substituir o encontro nacional da executiva esse ano) que terá sede em Porto Alegre não irá mais ocorrer na data prevista de 22 a 28 de julho.
A decisão foi tomada em votação da comissão gestora (grupo que coordena a executiva provisoriamente, devido à ausência de gestão). Os motivos alegados foram os da pouca possibilidade de mobilização de pessoas para a data.

O seminário, que já tinha estrutura determinada, deve ocorrer em setembro, sem previsão de preço ou local, visto que será semana de aula e a programação do seminário é para um encontro de 7 dias.
Caso seja nessa data, irá coincidir com o encontro nacional da Exneef.

Link externo:
Blog do seminário


(12/07/2007)

"Agronegócio é o casamento das transnacionais com os grandes proprietários", diz Stedile

Para o coordenador do MST, quem determina o preço de um alimento não é o custo de produção, mas sim a Bolsa de Chicago

Carla Cobalchini,
de Cascavel (PR)

“É o casamento entre as empresas transnacionais - que são parte do capital internacional e financeiro que domina a agricultura no Brasil - e os grandes proprietários de terra - os chamados fazendeiros modernos.” Dessa forma, João Pedro Stedile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), definiu o agronegócio – expressão do ciclo do capital internacional e financeiro na agricultura latino-americana, iniciada na década de 1990. A declaração foi dada nesta quinta-feira (12), durante conferência dada na 6ª Jornada de Agroecologia, realizada em Cascavel, Paraná.

Nesse modelo de produção, as empresas transnacionais adiantam os insumos, as sementes, o adubo, as máquinas e às vezes até dinheiro. Do outro lado, exigem que o fazendeiro entregue a produção e impõem o preço do produto porque controlam o mercado internacional. Cabe ao fazendeiro entrar com a terra, porque as transnacionais não têm interesse em ser proprietários da terra, e com a exploração da mão-de-obra, porque quem produz o milho, a soja, o algodão são empregados, assalariados rurais que ganham salários muito baixos; em gera, dez vezes menos que os europeus.

Capital estrangeiro

O investimento dos bancos internacionais em grandes empresas, através da compra de ações, deu origem a grandes conglomerados e verdadeiros oligopólios da agricultura, a exemplo do que aconteceu com o setor energético. A Monsanto é fruto desse fenômeno, formada por 56 empresas diferentes. Atualmente, produz a semente, vende o adubo, o fertilizante, as máquinas e até o remédio utilizado pelos agricultores que adoecem com o uso dos agrotóxicos.

No setor de grãos, apenas cinco empresas controlam toda a cadeia, desde as sementes e insumos ao mercado internacional, entre elas a Monsanto, a Cargill e a Bunge. Prova do controle desse oligopólio foi a queda em 50% do preço da soja, há aproximadamente dois anos, quando a produção chegou a cair 40%, contrariando a leia da oferta e da procura que preconiza a elevação do preço com a diminuição da oferta. Dessa forma, não é o custo que determina o preço do produto, e sim a especulação financeira.

Além da dominação da agricultura, também é característico desse modelo a dominação dos recursos naturais, através da lei de patentes e privatização da água. Segundo Stedile, velhas conhecidas ampliam produtos e mercados, a transnacional Coca-cola já ganha mais dinheiro no Brasil vendendo água do que refrigerante.

Agrocombustível, velho modelo

Os oligopólios avança também com o agrocombustível; grandes corporações já adquirem usinas brasileiras. Das dez maiores empresas do setor de açúcar e álcool no Brasil, quatro já possuem participação de capital estrangeiro: LDC Bioenergia, Cosan, Bonfim e Guarani. Já no ano passado, a Cargill havia comprado a Cevasa – Central Energética Vale do Sapucaí Ltda., usina localizada na região de Ribeirão Preto (SP). Por ano, a Cevasa possui capacidade de processameno de 1,4 milhão de toneladas de cana-de-açúcar, representando cerca de 125 milhões de litros de álcool.

Os combustíveis de origem vegetal são conhecidos há secúlos. Há muito já se sabia que dentro do grão existe um óleo que é a concentração da energia solar e que o açúcar pode ser convertido em energia. Mas só agora, com a elevação dos preços do petróleo, se viabilizou a produção em escala dessa energia de origem agrícola. O agronegócio quer roduzir essa nova mercadoria, e até a denomninam de commodity enérgética - que seria o álcool com os óleos combustíveis.

Para João Pedro Stedile, “os combustíveis de origem vegetal são bons, são até melhores do que o petróleo, o que nós temos que discutir na sociedade é a forma de produzi-los”. Ele afirma que se o combustível vegetal for produzido no modelo do agronegócio, certamente irá trazer ainda mais problemas para o meio ambiente, fortalecerá a expulsão da mão-de-obra. O coordenador do MST avalia que a monocultura será implantada numa área bem maior, principalmente se as previsões de dobrar a área de cultivo de cana no Brasil se confirmarem.

Stedile acredita que essa nova expansão da monocultura trará a destruição da biodiversidade e, com ela, o aquecimento do clima e outras conseqüências negativas à população. Assim, o agrocombustível deixará de ser uma solução para a sociedade, mas sim apenas aos proprietários de carros dos EUA porque eles têm uma gasolina cada vez mais cara e querem usar o álcool como uma alternativa para o seu consumismo.

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